
As Unidades de Processamento Gráfico (GPUs) constituem hardware de elevado desempenho, especificamente projetado para renderização gráfica e computação paralela, assumindo um papel fundamental na indústria das criptomoedas. Graças à sua arquitetura de processamento paralelo, as GPUs executam cálculos complexos de hash com grande eficiência e tornaram-se o hardware preferencial para a mineração de criptomoedas nos seus primórdios. Face às CPUs tradicionais, as GPUs oferecem vantagens significativas no processamento de grandes volumes de cálculos repetitivos e simples, disponibilizando a capacidade de computação indispensável à validação de transações e à segurança das redes blockchain. Atualmente, com a evolução do setor das criptomoedas, as GPUs são utilizadas não só na mineração, mas também no desenvolvimento de aplicações blockchain e no treino de IA, entre outros contextos diversos.
As GPUs foram inicialmente concebidas para acelerar o processamento gráfico e a visualização, não tendo como objetivo a mineração de criptomoedas. A NVIDIA GeForce 256, lançada em 1999, é reconhecida como a primeira verdadeira unidade de processamento gráfico, desenhada para libertar as CPUs das tarefas de renderização gráfica.
Em 2010, os primeiros mineradores de Bitcoin constataram que as GPUs superavam largamente as CPUs na execução do algoritmo SHA-256, dando início à era da mineração por GPU. Esta descoberta revolucionou o panorama da mineração de criptomoedas, tornando as GPUs o dispositivo dominante até ao aparecimento dos Circuitos Integrados de Aplicação Específica (ASIC).
O boom da mineração com GPU passou por diferentes ciclos, desde os primeiros tempos do Bitcoin até à era do Ethereum, gerando picos de procura de placas gráficas, escassez global de GPUs e aumentos de preços. Este fenómeno foi particularmente evidente durante os mercados altistas das criptomoedas em 2017 e 2021.
O valor distintivo das GPUs no ecossistema cripto reside na sua arquitetura de hardware única:
Capacidade de processamento paralelo: GPUs modernas dispõem de milhares de núcleos de processamento que executam simultaneamente grandes quantidades de tarefas computacionais semelhantes. Esta arquitetura é ideal para os cálculos de hash repetitivos exigidos na mineração de criptomoedas.
Elevada largura de banda de memória: As GPUs contam com barramentos de memória mais amplos e frequências superiores às das CPUs, permitindo processar rapidamente grandes volumes de dados.
Unidades de computação especializadas: As placas gráficas integram hardware dedicado, otimizado para operações de ponto flutuante, garantindo desempenho excecional em algoritmos específicos.
Durante o processo de mineração de criptomoedas, as GPUs desempenham as seguintes funções:
Cada criptomoeda utiliza algoritmos de prova de trabalho distintos, como o SHA-256 do Bitcoin ou o antigo Ethash do Ethereum, conduzindo a desempenhos diferenciados das GPUs consoante o algoritmo.
Com o desenvolvimento da indústria das criptomoedas, o papel das GPUs continua a evoluir:
Diversificação de algoritmos: Novos projetos cripto desenvolvem algoritmos de mineração resistentes a ASIC, como o KAWPOW da Ravencoin, para assegurar a continuidade da mineração por GPU.
Transição do PoW para PoS: A migração do Ethereum para Proof of Stake (PoS) representa uma tendência relevante, reduzindo a dependência das GPUs e libertando placas gráficas usadas para o mercado.
Convergência entre IA e blockchain: O papel central das GPUs no treino e na inferência de inteligência artificial confere-lhes valor único onde IA e blockchain se intersectam, nomeadamente em redes descentralizadas de computação de IA.
Melhoria da eficiência energética: Os fabricantes de GPUs investem na otimização dos rácios de eficiência energética, respondendo ao elevado consumo de energia da mineração cripto e às exigências de sustentabilidade ambiental.
Inovação em hardware: Novas arquiteturas de GPU, especificamente otimizadas para aplicações blockchain, poderão surgir, integrando unidades de computação especializadas para maximizar o desempenho em algoritmos criptográficos específicos.
O ecossistema da mineração por GPU está igualmente a transformar-se, passando da mineração individual para grandes explorações e serviços de mineração em cloud, modificando a estrutura da procura de placas gráficas.
A dinâmica entre oferta e procura de GPUs no setor das criptomoedas continuará a influenciar tanto o mercado de consumo como o profissional, exigindo aos fabricantes uma gestão criteriosa das necessidades dos diferentes segmentos de utilizadores.
As GPUs mantêm-se como infraestruturas de hardware essenciais para a tecnologia blockchain e de criptomoedas, desempenhando um papel incontornável. Apesar da evolução dos mecanismos de consenso e da transformação do seu papel na mineração, as GPUs continuam a assegurar valor computacional insubstituível em sistemas distribuídos, aplicações DeFi e gaming blockchain. A utilização das GPUs no universo cripto reflete o potencial da inovação tecnológica para superar os objetivos do design inicial e criar novos ecossistemas económicos. No futuro, com a integração da blockchain noutras tecnologias de ponta, os cenários de aplicação das GPUs poderão expandir-se, tornando-se um elo fundamental entre as economias virtual e real.


