Washington parece convencido de que a abordagem de terapia de choque de Milei na Argentina pode realmente funcionar. As reformas são brutais—corte de subsídios, desvalorização do peso, redução da burocracia—mas existe uma lógica nesta aposta. Se a Argentina estabilizar, pode tornar-se um caso de estudo para a liberalização radical dos mercados em economias problemáticas.

O que torna isto particularmente interessante para o sector das criptomoedas? A Argentina tem consistentemente figurado entre os principais países em adoção de criptomoedas, impulsionada sobretudo pela instabilidade do peso e pelos controlos de capitais. Se as políticas de Milei devolverem alguma previsibilidade económica, poderemos assistir a uma mudança na forma como os argentinos utilizam as criptomoedas—menos como uma saída de emergência, mais como parte normalizada de um conjunto de ferramentas financeiras.

A verdadeira questão: será que algum governo consegue sustentar reformas tão agressivas sem uma enorme reação social? A história sugere que é raro. Mas se ele conseguir, os efeitos poderão redefinir a forma como os mercados emergentes pensam tanto sobre política monetária como sobre ativos alternativos.