
BRC significa “Bitcoin Request for Comment”. Trata-se de propostas e convenções criadas pela comunidade na rede Bitcoin. Diferente de mudanças no protocolo central do Bitcoin, o BRC atua na camada de aplicação, padronizando formatos de dados e métodos de interpretação. Isso permite novos usos, como tokens e NFTs, com regras previamente acordadas.
Na prática, o BRC funciona como um manual de uso e conjunto de convenções. Desenvolvedores documentam procedimentos operacionais e formatos de dados, enquanto wallets e indexadores seguem essas diretrizes para leitura e escrita. Assim, diferentes produtos conseguem interpretar dados on-chain de forma uniforme e interoperar sem dificuldades.
A diferença central entre BRC e BIP está no objetivo de cada um. O BIP (Bitcoin Improvement Proposal) propõe alterações no protocolo do Bitcoin ou em processos padrão, afetando funções de consenso ou do sistema. Já o BRC é uma convenção comunitária voltada principalmente para definir como implementar novas funcionalidades usando recursos já existentes na camada de aplicação.
O BRC tem uma função de “expressão padronizada e não intrusiva”. Geralmente, não exige atualizações em todos os nodes da rede; basta que wallets, indexadores e aplicações sigam a mesma convenção para que tokens fungíveis, NFTs e outros ativos sejam reconhecidos e operados no ecossistema Bitcoin.
A maioria das propostas BRC utiliza Ordinals e inscriptions. Ordinals numeram cada satoshi (a menor unidade do Bitcoin) de modo único e permitem que dados — como texto ou imagens — sejam “anexados” a sats específicos. Inscriptions são o registro desses dados em transações, gravando-os on-chain junto ao sat correspondente.
Uma proposta BRC típica define quais dados devem ser registrados e em quais campos — como tipo de operação, símbolo do token, quantidade — organizados em texto estruturado. Indexadores leem esses registros de inscription. Como contadores, eles escaneiam blocos e transações conforme as regras do BRC para determinar a posse de tokens ou NFTs.
Os pontos essenciais desse modelo são: os dados são realmente gravados na blockchain do Bitcoin; as regras de interpretação estão descritas nas especificações BRC; e os saldos e estados dos ativos são definidos por indexadores que seguem as mesmas regras — por isso, é fundamental que versões e detalhes estejam alinhados entre os indexadores.
As propostas BRC abordam principalmente “como expressar ativos e ações”.
Essas propostas são convenções comunitárias, não protocolos oficiais. Sua adoção depende do suporte e da uniformidade entre wallets, marketplaces e indexadores.
Para interações básicas com ativos BRC, siga estes passos:
O BRC é adotado principalmente em tokens fungíveis e NFTs nativos do Bitcoin.
Os riscos do BRC se dividem em três categorias principais:
Além disso, atenção à compatibilidade de endereços e à segurança do backup. Endereços digitados incorretamente, seed phrase perdida ou vazamento de chave privada podem resultar em perdas irreversíveis.
No horizonte, o BRC seguirá como “convenção de camada de aplicação”. Com alinhamento de padrões entre wallets e marketplaces, os usuários têm experiências mais fluídas e desenvolvedores iteram mais rápido. A comunidade também busca otimizar formatos de dados e regras de indexação para reduzir congestionamentos e interpretações equivocadas.
A relação com Runes é relevante. Lançado em 2024, Runes codifica tokens fungíveis usando o modelo UTXO do Bitcoin, minimizando dependência de indexadores externos e buscando uma abordagem mais “nativa on-chain”. Enquanto o BRC foca em inscriptions e convenções, Runes oferece escalabilidade e clareza contábil. Ambos podem coexistir: o BRC traz flexibilidade para ativos baseados em inscription; Runes entrega clareza para contabilidade escalável. Wallets e exchanges podem adotar ambos, permitindo ao usuário escolher conforme sua necessidade e preferência de taxas.
Em resumo, o BRC acelera a inovação na camada de aplicação do Bitcoin. Entendendo seu papel de “padronização não intrusiva”, dominando a colaboração entre wallet e indexador, avaliando suporte de plataformas e controles de risco, você pode utilizar tokens e NFTs no ecossistema Bitcoin com segurança.
Propostas BRC são soluções comunitárias para superar limitações funcionais da rede Bitcoin. Como o Bitcoin possui capacidades de scripting restritas e é difícil criar aplicações complexas de forma nativa, o BRC permite que desenvolvedores construam apps de NFT, tokens e outros recursos inscrevendo dados diretamente na blockchain. Isso transforma o Bitcoin de simples ferramenta de pagamento em plataforma programável.
Sim — para interagir com ativos BRC, é indispensável usar wallets especializadas que suportam inscriptions de Ordinals. Exemplos comuns são Unisat, OKX Wallet, Gate Wallet, entre outras; todas oferecem gestão e negociação de tokens BRC-20 integradas. Diferente das wallets padrão de Bitcoin, essas reconhecem e processam dados inscritos em UTXOs, permitindo ao usuário visualizar e interagir de forma intuitiva com ativos BRC.
As taxas elevadas têm duas origens principais: cada inscription ocupa espaço em bloco na rede Bitcoin, e o congestionamento faz as taxas subirem rapidamente. Além disso, ações como mint ou transferência de tokens BRC-20 exigem múltiplas interações on-chain, cada uma gerando uma taxa. Operar fora dos horários de pico (como fins de semana) pode reduzir custos significativamente.
Propostas BRC seguem consenso comunitário — discutidas e decididas principalmente por desenvolvedores, mineradores e participantes do ecossistema Bitcoin, e não por mecanismos tradicionais de votação. Usuários comuns não têm voto direto, mas podem influenciar resultados rodando full nodes, participando de discussões ou dando feedback em fóruns. A adoção final depende da aceitação dos desenvolvedores e apoio dos mineradores.
BRC e Layer 2 são caminhos distintos de expansão: o BRC amplia funcionalidades inscrevendo dados diretamente na mainnet — com verificabilidade e segurança totalmente on-chain, porém com custos mais altos. Soluções Layer 2, como Lightning, são redes de pagamento off-chain, com transações rápidas e taxas baixas, mas exigem confiança em intermediários. O BRC é mais indicado para NFTs e tokens; Layer 2 é ideal para pagamentos de alta frequência.


