Além de analisar os fluxos de capital, indicadores on-chain específicos foram selecionados para medir o uso efetivo e o engajamento nos principais ecossistemas blockchain: volume diário de transações, taxas diárias de gas, endereços ativos diários e fluxo líquido de pontes cross-chain. Esses dados revelam padrões de comportamento do usuário, intensidade operacional da rede e mobilidade de ativos. Diferentemente da simples observação de entradas e saídas, esses indicadores nativos permitem uma análise estruturada das mudanças fundamentais dos ecossistemas, indicando se a movimentação de capital está vinculada a demanda real e crescimento sustentável das redes.
Segundo dados da Artemis, as transações nas principais blockchains em setembro apresentaram divergências claras. Solana liderou, somando 2,3 bilhões de transações mensais — leve queda frente a agosto, mas ainda em nível elevado, refletindo forte engajamento dos usuários e vitalidade do ecossistema.【1】
Base demonstrou maior crescimento, subindo de 285 milhões para 361 milhões de transações mensais (alta de 26,6%), ampliando sua relevância no universo Layer2. O ambiente de baixas taxas e o portfólio diversificado de aplicações foram decisivos para esse avanço.
O mainnet da Ethereum teve uma leve retração de 5,55% no volume de transações, mantendo, porém, papel central como hub de ativos valiosos e interações entre protocolos.
Arbitrum sofreu queda de 11,5% nas transações, mas reagiu fortemente no fim do mês, impulsionada pelo programa DRIP, que pode estimular o momentum no curto prazo.
No geral, o cenário das transações on-chain reforça a dualidade entre “alta frequência × alto valor”. Solana e Base lideram em transações de alta frequência, evidenciando atividade intensa e forte penetração de ecossistema, enquanto Ethereum e Arbitrum sustentam os casos de uso DeFi. Isso mostra que a especialização funcional entre cadeias se intensifica, com o segmento evoluindo para diferenciação e profissionalização.
Conforme Artemis, em setembro de 2025, Solana manteve a dianteira em endereços ativos, com média diária de 3 a 4 milhões, indicando engajamento excepcional e interações frequentes. Apesar de oscilações, Solana está muito à frente dos concorrentes e se consolida como “blockchain de usuários de alta frequência”.【2】
Base também teve desempenho relevante, com endereços ativos diários entre 800 mil e 1,2 milhão, em tendência de alta ao final do mês — evidenciando a expansão do ecossistema e forte capacidade de aquisição de usuários.
O mainnet da Ethereum manteve entre 500 mil e 600 mil endereços ativos por dia, em ritmo estável e sem novos recordes, apontando estabilização operacional. A estrutura “Mainnet + L2” permanece como motor central da expansão Ethereum.
Arbitrum, após início fraco, apresentou recuperação evidente a partir de meados de setembro, chegando a cerca de 700 mil endereços ativos no fim do mês. O plano DRIP é reconhecido como principal fator dessa retomada.
No conjunto, os perfis de usuários entre blockchains se diferenciam cada vez mais: Solana e Base dominam usos cotidianos e interações de alta frequência, enquanto Ethereum mantém o papel de principal portadora de valor, complementada por L2s como Arbitrum.
Segundo Artemis, setembro mostrou uma estrutura clara: “blockchains de alto valor lideram, blockchains de alta frequência mantêm estabilidade”.【3】
Ethereum consolidou a liderança mesmo com queda de 9,75% na receita frente a agosto, reforçando o domínio nas operações DeFi e uso intenso de DEXs.
Solana teve recuo de 9,64% na receita, mas segue sustentada pelo modelo de alta frequência. Base registrou a maior baixa, acima de 15%, indicando possível arrefecimento temporário da atividade.
Arbitrum caiu 8,88%, mas teve pico de volatilidade em setembro, sugerindo que incentivos de curto prazo ampliam variações. Polygon PoS foi a única grande blockchain com forte crescimento de receita (alta superior a 40% mês a mês), resultado do hard fork de 11 de setembro e atualizações relevantes.
No geral, embora a receita de taxas on-chain tenha diminuído, as interações evoluem: Solana e Base ampliam engajamento via modelo “alta frequência, baixas taxas”; Ethereum segue dominante em “alto valor, alto rendimento”. A divergência destaca cadeias orientadas à escala versus valor, onde os incentivos e o design de rede superam o volume como fator determinante de receitas.
Pelo levantamento da Artemis, Arbitrum liderou em entradas líquidas no mês, atraindo mais de US$ 500 milhões e revertendo tendência de saídas. O plano DRIP da ArbitrumDAO foi o principal catalisador, distribuindo 24 milhões de ARB para protocolos como Aave, Morpho e Euler, incentivando estratégias alavancadas. Na primeira semana, o TVL subiu mais de US$ 360 milhões, a liquidez em DEXs cresceu 23% e o market size da Morpho quase triplicou. Stablecoins também tiveram influxos recordes, com USDe e syrupUSDC se expandindo rapidamente — evidenciando o impacto direto do DRIP na liquidez e adoção de aplicações.【4】
Na sequência, Hyperliquid atraiu mais de US$ 400 milhões por conta da experiência de trading otimizada e engajamento intenso dos usuários. BNB Chain, OP Mainnet e WorldChain também registraram entradas expressivas, confirmando que L2s e redes voltadas à negociação mantêm forte concentração de liquidez.
Em contrapartida, Ethereum teve quase US$ 750 milhões em saídas e Base sofreu retiradas acima de US$ 600 milhões, liderando os outflows. Novas cadeias, como Berachain, Linea e Sonic, também registraram saídas relevantes. O mercado realoca liquidez para projetos de maior potencial enquanto redes populares passam por correção de curto prazo. Com a competição Layer2 acirrada, a sustentabilidade e adoção de cada ecossistema estão sob escrutínio, e projetos sem inovação ou tração enfrentam risco de saída persistente de liquidez.
Resumidamente, os fluxos on-chain giram com rapidez. O crescimento de Arbitrum se consolidou graças à combinação de incentivos e colaboração entre protocolos. Ecossistemas com saídas precisam inovar para recuperar liquidez e atenção de mercado.
Em setembro, o Bitcoin passou por correção relevante, chegando à mínima de US$ 107.261 e rompendo médias móveis, o que trouxe cautela ao mercado. No fim do mês, o viés altista retornou com médias móveis de curto prazo formando golden cross, elevando o preço ao canal de alta e rompendo resistências de US$ 116.000 e US$ 120.000. Apesar da recuperação, volume negociado e momentum do MACD ainda não acompanham, o que deixa incerta a sustentação do movimento.
Com os influxos de capital desacelerando e a demanda em baixa, as dinâmicas de oferta-demanda on-chain e o comportamento dos holders tornaram-se fundamentais para analisar tendências futuras. Três métricas on-chain são abordadas: custo realizado e zonas de risco, Short-Term Holder Realized Value Ratio (STH RVT) e Long-Term Holder Net Position Change, para avaliar estrutura de distribuição, absorção de capital e riscos potenciais.
Segundo Glassnode, o Bitcoin enfrenta forte resistência na faixa de US$ 114.000–118.000. Esse patamar concentra moedas compradas entre agosto e setembro, representando posições históricas de alto custo.【6】
Quando o preço retorna à zona, compradores tendem a vender para empatar ou realizar lucro, elevando a pressão de venda. Para avançar a novas máximas, o mercado precisa absorver e girar esse estoque, consolidando antes de novo movimento de alta.
Conforme Glassnode, o índice STH RVT segue em queda, aproximando-se do limiar de 0,003, indicando atividade on-chain em nível historicamente baixo. RVT baixo significa volume de transações pequeno ante o valor de mercado realizado, revelando escassez de capital novo.【7】
O RVT permanece próximo de mínimas históricas, sugerindo esfriamento do entusiasmo especulativo de curto prazo. Embora o preço do Bitcoin tenha mantido alta desde o fim de 2024, o RVT baixo indica que essa recuperação não conta com o suporte on-chain observado em outros ciclos altistas. Sem melhora de liquidez e entrada de capital, o preço pode encontrar dificuldade para renovar máximas e enfrentar riscos de arrefecimento à frente.
Segundo Glassnode, o indicador Long-Term Holder Net Position Change permanece negativo há várias semanas, evidenciando que holders de longo prazo reduzem saldos e movimentam moedas de cold storage, possivelmente para venda. As barras vermelhas do gráfico mostram saídas líquidas acumuladas em centenas de milhares de BTC nos últimos dois meses. Isso sugere realização de lucros ou redução de risco por investidores experientes em patamares elevados.【8】
Esse padrão normalmente está associado a topos cíclicos. Quando o preço consolida próximo das máximas e holders de longo prazo seguem vendendo, desequilíbrios de oferta e demanda dificultam nova alta. Embora o Bitcoin esteja acima de US$ 110.000, a ausência de suporte de capital de longo prazo limita o momentum. Sem novas compras, o preço pode enfrentar pressão corretiva, sendo essencial monitorar esse comportamento para sinalizar os próximos movimentos do mercado.
Os dados on-chain apontam que recursos e usuários se concentram cada vez mais em ecossistemas com forte base de interação e aplicações robustas. Projetos com narrativas sólidas e inovação tecnológica ganham destaque como novos focos de investimento. A seguir, os principais projetos e tokens das últimas semanas, com análise da lógica de crescimento e impacto potencial.
Plasma é um projeto blockchain dedicado a aplicações de stablecoin, com arquitetura de pagamentos de baixo custo, alta privacidade e alto throughput, voltado para infraestrutura financeira eficiente em mercados emergentes. Ao integrar emissão de stablecoins, módulos de empréstimo, mineração de liquidez e distribuição de aplicações em uma única rede, Plasma constrói um ecossistema unificado. O token XPL é utilizado para governança, staking e taxas de transação, e o crescimento de usuários é estimulado por campanhas agressivas de airdrop, venda pública e cashback via cartão de crédito.
Segundo DefiLlama, poucos dias após o lançamento do mainnet, o TVL da Plasma superou US$ 5,46 bilhões em 30 de setembro, alta semanal superior a 40%, ultrapassando momentaneamente Base. O suprimento de stablecoins on-chain excedeu US$ 7 bilhões em dois dias, demonstrando forte capacidade de absorção de capital. O Lending Vault atingiu US$ 1,4 bilhão em depósitos com rendimento anual próximo de 40%. O meme coin trillions do ecossistema atingiu valorização de 936% em um dia, superando US$ 50 milhões em valor de mercado, evidenciando liquidez crescente na rede. O token XPL chegou a US$ 1,67, levando o FDV acima de US$ 14 bilhões.【9】
O crescimento explosivo de Plasma resulta tanto do desempenho técnico quanto da estratégia comercial agressiva. Nas rodadas de pré-venda, o projeto captou quase US$ 1,6 bilhão, com grandes investidores obtendo até 19× de retorno. Todos os participantes da pré-depósito receberam airdrop extra, com recompensas que chegaram a US$ 13.000. O Launchpad arrecadou US$ 251 milhões e teve taxa de oversubscription de 23.847%, sendo destaque absoluto no mês.
Estrategicamente, Plasma foca mercados emergentes com uso intenso de stablecoins, como Sudeste Asiático e Turquia, e pretende lançar o cartão pré-pago Plasma One, com cashback e distribuição de rendimentos on-chain — concorrendo diretamente com o ecossistema de stablecoins do TRON. O projeto já firmou parceria com mais de 100 iniciativas DeFi, lançou programas de incentivo à liquidez e mantém tesouraria acima de US$ 1,5 bilhão. O impacto da semana de lançamento foi amplamente positivo, acelerando engajamento, liquidez e participação. O sucesso de longo prazo depende de retenção de usuários, adoção real de stablecoins e gestão das demandas regulatórias.
MYX é o token nativo do MYX Finance, protocolo descentralizado de derivativos focado em negociação perpétua de futuros on-chain. A plataforma prioriza acesso permissionless, negociação sem slippage e governança comunitária, buscando redefinir a experiência de trading on-chain. O design inovador elimina dependência de books de ordem e intermediários, permitindo operações de contratos perpétuos com eficiência e custos mínimos. O token MYX é utilizado para governança, recompensas de staking e distribuição de taxas.
Segundo CoinGecko, MYX subiu 63,25% na semana encerrada em 30 de setembro, atingindo máxima de US$ 16,40 e superando largamente o mercado. O movimento reflete tanto fatores macroeconômicos quanto avanços do projeto: recuperação global de liquidez elevou o apetite por risco e direcionou capital para altcoins de médio porte como MYX; além disso, o protocolo lançou novos módulos, programa de incentivos e expandiu parcerias, intensificando entrada de usuários e recursos.【10】
O engajamento comunitário do MYX disparou. No X, Telegram e fóruns, circularam debates sobre mecanismos, rumores de airdrop e atualizações de roadmap. Influenciadores do segmento cripto apontaram MYX como “dark horse dos perpétuos on-chain”, sugerindo potencial de alto crescimento. Prints de grandes transações e análises de carteiras multiplicaram o FOMO e impulsionaram a participação. Discussões sobre possível sobrevalorização apenas intensificaram o momentum e visibilidade do token.
Em síntese, MYX Finance conquistou relevância nos derivativos descentralizados por inovação, eficiência operacional e foco no usuário. Apoiado por incentivos robustos, atenção institucional, engajamento comunitário e bom momentum técnico, MYX apresenta potencial de continuidade no curto prazo. Se os influxos de liquidez se mantiverem, pode se consolidar como infraestrutura essencial para o segmento de derivativos on-chain.
Em setembro de 2025, atividade on-chain e movimentação de capital seguiram rotas de diferenciação. Solana, com 2,3 bilhões de transações mensais, manteve domínio em alta frequência; Base, com avanço de 26,6% no volume e mais de 1 milhão de endereços ativos, consolidou-se como Layer2 estratégico. Ethereum, apesar de leve queda em transações e endereços ativos, segue como principal blockchain de alto valor, sustentando protagonismo em DeFi e interações de protocolo.
Em capital, Arbitrum liderou em entradas líquidas (mais de US$ 500 milhões), impulsionada pelo DRIP, à medida que TVL e atividade se recuperaram. Ethereum e Base registraram saídas líquidas de US$ 750 milhões e US$ 600 milhões, respectivamente, refletindo reprecificação da liquidez diante da competição por incentivos. Recursos migraram rapidamente para ecossistemas emergentes que oferecem melhores rendimentos ou novos mecanismos de incentivo.
Para o Bitcoin, os indicadores on-chain apontam consolidação lateral, com atividade fraca de holders de curto prazo e distribuição de holders de longo prazo — sugerindo momentum limitado para novas altas. As zonas de custo realizado sustentam suporte técnico, indicando fase corretiva e não reversão de tendência.
Nos destaques, Plasma emergiu como nova cadeia do mês, impulsionada pelo design integrado de stablecoins e estratégia de incentivos agressiva, atingindo mais de US$ 5,4 bilhões em TVL e revitalizando a participação. MYX Finance tornou-se destaque entre derivativos, com valorização de 63,25% em uma semana e crescente engajamento comunitário e institucional.
No todo, capital e usuários se dirigem a ecossistemas com alta atividade, throughput elevado e narrativas diferenciadas, reforçando a tendência de divergência estrutural no universo on-chain.
Referências:
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