
Em 11 de dezembro de 2025, a Commodity Futures Trading Commission concedeu cartas de “no-action” para quatro das principais plataformas de mercados de previsão, marcando uma virada regulatória para derivativos cripto e contratos de eventos. As divisões da CFTC dos EUA garantiram alívio regulatório à Polymarket, PredictIt, LedgerX/MIAX e Gemini Titan, adotando uma postura mais pragmática em relação à conformidade dos mercados de previsão e reconhecendo a rápida expansão do setor. Essa decisão veio após o relançamento da Polymarket e a aprovação anterior da Gemini pela CFTC, evidenciando que a agência entende que os mercados de previsão agora são parte essencial do ecossistema de ativos digitais. As cartas de “no-action” abordaram diretamente as obrigações de reporte de dados de swaps e manutenção de registros conforme as Partes 43 e 45 dos regulamentos da CFTC, além de seções relacionadas das Partes 38 e 39. O diferencial dessa medida regulatória está na sua condição: o alívio só se aplica quando as plataformas mantêm colateralização integral e utilizam membros de clearing terceirizados, garantindo proteção à integridade do mercado e aos participantes. Essa postura equilibrada revela a intenção da CFTC de incentivar inovação sem abrir mão da supervisão regulatória essencial à estabilidade sistêmica. O impacto vai além dessas quatro plataformas, pois as cartas criam precedente para o funcionamento de opções binárias e contratos de pagamento variável no mercado de derivativos dos EUA.
A concessão de alívio regulatório da CFTC quanto ao reporte de dados de swaps representa uma transformação no funcionamento dos mercados de previsão sob a ótica regulatória. Antes, operadores desses mercados enfrentavam exigências de conformidade similares às de derivativos tradicionais, como registro detalhado e transmissão em tempo real de dados para repositórios de swaps. Esse modelo regulatório dificultava a liquidez e a competitividade, especialmente diante de concorrentes offshore que não precisavam cumprir tais requisitos. O alívio de 11 de dezembro isenta plataformas elegíveis das obrigações de reporte de dados de swaps normalmente exigidas dos negociadores de derivativos, removendo obstáculos administrativos que limitavam o crescimento das plataformas e sua base de usuários. Porém, essa isenção é rigorosamente condicionada. As plataformas precisam garantir colateralização integral de todos os contratos, ou seja, cada posição deve ser respaldada por valor equivalente em contas de membros de clearing. Além disso, os operadores devem estabelecer parcerias com membros de clearing terceirizados aprovados pela CFTC, assegurando que liquidação e gerenciamento de risco ocorram por meio de infraestrutura financeira consolidada. Essas exigências respondem diretamente às preocupações regulatórias sobre risco sistêmico. O impacto prático inclui maior velocidade nas transações e redução de custos operacionais. Com o fim do reporte obrigatório de dados de swaps, as plataformas diminuem gastos com taxas de repositórios e manutenção de sistemas de conformidade. Mais relevante, os usuários enfrentam menos barreiras para negociar, pois as plataformas não precisam mais atender requisitos de transparência em tempo real que restringem a eficiência de matching e liquidação de ordens. Essa flexibilidade regulatória evidencia a evolução do entendimento da CFTC ao reconhecer que mercados de previsão apresentam perfis de risco diferentes dos swaps tradicionais.
Essas três plataformas líderes, beneficiadas pelo novo alívio regulatório, atuam em segmentos distintos do ecossistema de mercados de previsão, cada qual voltada a casos de uso e perfis de usuários específicos no universo de derivativos cripto. A Polymarket se destaca como o principal ambiente para contratos binários de eventos com alcance global, permitindo negociações sobre resultados que vão de acontecimentos geopolíticos a avanços tecnológicos. O funcionamento da plataforma é baseado em smart contracts na Ethereum para gerenciamento de ordens, com colateral garantido em reservas de criptomoedas. A PredictIt, conforme orientações anteriores da CFTC, atende principalmente operadores dos EUA interessados em previsões políticas e econômicas. Sua abordagem regulatória valoriza tanto o aspecto educativo quanto a função de mercado, posicionando os mercados de previsão como mecanismos legítimos de consenso. Já a LedgerX/MIAX atua como infraestrutura de exchange de derivativos, oferecendo serviços de clearing e liquidação que permitem a operação de outros ambientes de negociação em conformidade. A estrutura operacional de cada plataforma foi determinante para as condições específicas estabelecidas nas cartas de “no-action” da CFTC, demonstrando o profundo entendimento da agência sobre o funcionamento dos mercados de previsão.
| Plataforma | Foco principal de mercado | Alcance geográfico | Tipo de infraestrutura | Arranjo de clearing |
|---|---|---|---|---|
| Polymarket | Eventos binários e previsão | Global (offshore) | Blockchain | Clearing terceirizado |
| PredictIt | Eventos políticos e econômicos | Foco nos EUA | Plataforma web | Clearing terceirizado |
| LedgerX | Derivativos multiativos | Mercado de derivativos dos EUA | Infraestrutura de exchange | Clearing designado |
| Gemini Titan | Contratos institucionais de eventos | Participantes institucionais | Exchange regulada | QC Clearing LLC |
Os requisitos de conformidade enfrentados por essas plataformas representam uma regulação equilibrada. A exigência de colateralização integral limita o risco de contraparte, evitando que insolvência da plataforma impeça operadores de receber seus ganhos. O clearing terceirizado acrescenta supervisão institucional, criando pontos de controle regulatórios mesmo com o crescimento das operações. Vale destacar que o alívio das cartas de “no-action” não exclui o cumprimento das demais normas da CFTC sobre manipulação de mercado, proteção de ativos de clientes ou fraude. O alívio trata apenas das obrigações administrativas de reporte, que representavam entraves operacionais sem ganhos proporcionais de mitigação de risco. As plataformas continuam obrigadas a manter registros detalhados, implementar monitoramento para detecção de abuso e seguir procedimentos de identificação de clientes conforme padrões do setor. Essa abordagem regulatória evidencia que a CFTC entende que mercados de previsão têm papel econômico legítimo em descoberta de preços e transferência de risco, diferenciando-os de derivativos puramente especulativos que exigem regras mais rígidas.
As cartas de “no-action” de 11 de dezembro estabelecem precedente essencial para a integração dos mercados de previsão descentralizados com a infraestrutura financeira regulada sem comprometer a independência tecnológica. O clearing terceirizado cria uma ponte entre plataformas nativas de blockchain e a infraestrutura dos mercados tradicionais de derivativos, mostrando que conformidade regulatória não demanda centralização da arquitetura. Plataformas como Polymarket mantêm matching e liquidação de ordens via smart contracts, enquanto direcionam o clearing para instituições reguladas, preservando a descentralização na aplicação e aceitando intermediação regulada nos pontos críticos de risco. Esse modelo híbrido atende às exigências regulatórias de gestão de risco de contraparte e estabilidade sistêmica, mantendo a eficiência e transparência que fazem dos mercados baseados em blockchain opções atraentes para investidores cripto e desenvolvedores Web3. A exigência de colateralização integral também se ajusta às arquiteturas descentralizadas, já que reservas em criptomoedas garantem verificação transparente de colateral via blockchain. Traders DeFi, acostumados a sistemas de sobrecolateralização em protocolos de crédito, veem essa exigência como parte das práticas do setor, reduzindo barreiras à participação. O novo arcabouço regulatório elimina incertezas que antes rondavam os mercados de previsão nos EUA, oferecendo estabilidade para que operadores investam em interfaces, liquidez e aquisição de clientes. Essa clareza regulatória beneficia diretamente os investidores, pois a incerteza operacional deixa de ameaçar as plataformas com fiscalizações imprevisíveis. A decisão da CFTC de conceder alívio para opções binárias e contratos de pagamento variável reconhece que contratos de eventos possuem funções econômicas distintas dos derivativos tradicionais, validando modelos de mercado originados da inovação financeira das comunidades cripto. Com a padronização da conformidade nos mercados de previsão, desenvolvedores Web3 podem construir aplicações conectadas à infraestrutura desses mercados, ampliando volume negociado, reduzindo spreads e tornando a descoberta de preços mais eficiente. O precedente mostra que órgãos reguladores compreendem suficientemente a tecnologia cripto para criar regras que respeitam as características dos protocolos, em vez de exigir obrigações pensadas para sistemas centralizados. A Gate segue apoiando operadores que acessam essas plataformas por meio de interfaces integradas de derivativos cripto, conectando negociação spot e derivativos e mantendo gestão de contas unificada com ambientes compatíveis à CFTC. O roteiro regulatório evidencia que a orientação da CFTC para derivativos cripto em 2025 evoluiu para uma abordagem pragmática: mercados de previsão precisam de regulação adaptada às suas operações, permitindo o amadurecimento do ecossistema por meio de um modelo que equilibra incentivo à inovação e controle de riscos adequado.











